Um dia, um tio disse-me:
- Tens uns filhos muito bonitos!
Ao que respondi, tentando ter alguma graça:
- Fui eu que fiz! (hahaha, que engraçada que eu sou, vamos lá todos dar uma gargalhada - ou esboçar um sorriso de quem achou desnecessário - e seguir para o próximo tema.)
- Não os fizeste sozinha! - diz-me ele, a tentar ser ainda mais engraçado que eu. (foi mais ou menos o mesmo nível de engraçadez - baixinho, baixinho.)
Pensei em continuar no tema, mas percebi que era conversa infinita e que não valia a pena tê-la naquele momento. Mas não ficou esquecida. Nunca mais me vou esquecer daquela conversa. Porquê? Porque, efetivamente, fui eu que os fiz! (Tá dito!) Porque, efetivamente, fazer filhos não é ter relações sexuais. Se é uma etapa obrigatória? Digamos que é o processo mais convencional mas, nos tempos que correm, nem sequer é necessária. Então vamos resumir o conceito de "fazer filhos" a pinar? Não tenho tempo nem disponibilidade emocional para vos explicar o quão não é a resposta a esta pergunta! E nem estou a tentar desvalorizar, rebaixar, ignorar, menosprezar os homens e o seu papel no processo mas... Sabem? Entendem o que estou a tentar dizer? Não, os homens não fazem filhos! Nunca vi um governo a negar o aborto a um homem. Nunca vi um homem a ser preso por ter perdido um filho durante a gestação. Nunca vi um homem a parir. Nunca vi um homem a amamentar. Nunca vi um homem com diabetes gestacionais nem com pré-eclâmpsia nem com colestase. Porquê? P-o-r-q-u-e o-s h-o-m-e-n-s n-ã-o f-a-z-e-m f-i-l-h-o-s.
Pronto, agora que esclarecemos aquele ponto, vamos ao seguinte: também nunca vi uma mulher a ajudar um homem a tomar conta dos filhos dele. Porquê? Porque são as mulheres (falo das abençoadas e tocadas pelos pozinhos de perlimpimpim do universo e cujo nível de sorte vai além das proporções galácticas do universo) que têm a ajuda dos pais das crianças para tomar conta delas (ai, e os que trocam fraldas? Ai, esses são diamantes rosa do equador, quais maravilhas do planeta - abençoadas criaturas).
Sabem o que me chateia mais do que a sociedade pensar que eu sou uma pessoa cheia de sorte por o meu marido partilhar as tarefas das crianças comigo? É o facto de eu também pensar assim!! Ai, tira-me do sério dar por mim a achar que sou uma pessoa cheia de sorte (que sou!). Viram?? Não me aguento, não dá para falar comigo! É o meu querido e odiado paradoxo pessoal.
Sorte? Não é sorte, é a vida a decorrer normalmente - são dois adultos a partilhar a tarefa de criar os filhos que têm em comum.
Mas, ai, tenho tanta sorte, o meu marido ajuda-me muito! (Fuck) Faz tudo o que eu faço com os nossos filhos! Fraldas, banhos, alimentação e tudo e tudo. Acho que até merecia ser tratado por mãe!! (Ui, agora nem eu sei lidar com o que escrevi, acho que fui longe demais!).
Pronto, era isto.
Obrigada e bom dia!
PS: um dia venho dar-vos a minha opinião sobre o tema: a escravatura existe e só não vê quem não quer ver.
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