"espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais hipocondríaco do que eu?"
"sim, há! é aquele tipo que trabalha na sala aí do lado!"
a fama precedeu-o e, na realidade, eu já tinha ouvido falar dele muito antes de ele ser o tipo que trabalha na sala ali do lado.
quis o destino que nos encontrássemos e tivéssemos uma conversa séria sobre assuntos sérios: a minha hipocondria é maior do que a tua.
- ah, então tu é que és o tipo do gama gt...
- sim, sou eu. não sabia o que era nem ao que se devia por isso fiquei preocupado... o médico perguntou-me se apanhava uma bebedeira todos os dias... oh pá, todos não...
sim, o meu companheiro de hipocondria tem grande sentido de humor. contou-me montes de histórias hilariantes, em que ele era o personagem principal. o personagem que tem de ser a primeira pessoa a fazer análises naquele dia, porque senão começa a ficar nervoso. o personagem a quem perguntam se está a sentir-se bem quando vai fazer uma ecografia, tal é a frequência cardíaca. segundo ele, consegue manter uma plateia entretida durante algum tempo só com histórias verídicas sobre a sua condição. não há dúvida de que as histórias são engraçadas, mas ser hipocondríaco é uma canseira. é desgastante, como ele próprio disse.
eu ganhei um ombro amigo e compreensivo. ele ganhou a competição.
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