sabem quando dizemos qualquer coisa e nos apercebemos que metemos a pata na poça? como contar uma anedota de loiras sem reparar que está presente uma loira com um sentido de humor muito fraquiiiinho (uma qualquer, portanto... (escrevo isto na esperança de estar errada.)) ou como dizer mal de alguém e a pessoa estar próxima o suficiente para ouvir ou ainda falar de uma corrida super interessante ao pé de uma pessoa que acabou de partir uma perna (para não ser mais dramática.). pois bem, nestas ocasiões, um pouco mais de atenção poderia evitar o constrangimento, mas o que não podemos evitar são coisas deste tipo:
eu, uma colega e um tipo que tínhamos acabado de conhecer.
após um longo período em que quase só falamos as duas, a minha colega resolveu dar uma oportunidade ao moço:
- então, e tu, em que trabalhas?
ele sorriu, o que me assustou logo um bocado (não estamos propriamente em época alta, né?):
- é engraçado que perguntes isso. é que eu tinha um trabalho, mas entretanto fui trabalhar com os meus pais e ninguém gosta de trabalhar com os pais e agora estou a trabalhar na venda de energia eléctrica. blá blá blá whiskas saquetas e blá blá blá, o meu sonho é seguir um projecto que tenho de agência de viagens online e blá bláblá whiskas saquetas blá blá blá. porque estudei mas não ligo nada ao título de doutor ou engenheiro, porque sou uma pessoa humilde, mas estudei e porque sou uma pessoa que corre riscos e blá blá blá, e o meu objectivo é ganhar dinheiro, blá blá blá pardais ao ninho, para poder dar uma boa vida à minha família, que ainda não tenho, mas se tiver um dia, e blá blá blá e blá blá blá...
um bom tempo passado, e depois de muitos olhares cúmplices entre nós, a minha colega fez o sinal e eu aproveitei a deixa:
- estás com frio? se calhar é melhor irmos!
mais tarde perguntei à minha colega o que lhe tinha passado pela cabeça para fazer uma pergunta daquelas (que obviamente foi interpretada como: não queres contar-nos a história da tua vida?) ela ainda estava abalada mas confessou que foi uma falha gravíssima ter colocado tal questão ao rapaz, há coisas que não se perguntam...
mais tarde, num profundo lapso, caí no mesmo erro com outra pessoa:
- e tu, trabalhas em quê?
- bases de dados.
e depois do pânico momentâneo da pergunta veio a maravilhosa sensação da resposta. sweeeet!