domingo, 30 de setembro de 2012

a pulguita atrás da orelha

neste post escrevi sobre o milagre que se deu quando fiz análises em angola: de um momento para o outro, o mais grave problema que consome o meu sistema nervoso foi deitado por terra. assim, por escrito, assinado e tudo! "está tudo bem..." disse a sra. doutora, as in "estava a tentar enganar-me, sua pulazinha com a mania, você não tem o colesterol alto...". ("tem toda a razão, sra. doutora, não tenho os níveis de colesterol elevados, eu gosto mesmo é de ser picada com agulhinhas, nas veias, em países subdesenvolvidos! é a adrenalina, sabe?")

é certo que não acreditei naquele resultado embora, mesmo sabendo que estavam a ser enganados, os meus nervos se tenham acalmado significativamente. os resultados estavam errados, é certo, mas ninguém falha por tanto, não é? não, não é!

estava completamente convencida de que o meu colesterol tinha descido, não para menos 100 do anteriormente, como indicavam os resultados, mas para menos 20, 30 quiçá? já seriam boas notícias. para confirmar e verificar a fiabilidade do sistema de saúde angolano, decidi fazer análises no decorrer dos 15 dias que passei em portugal. resultado: +40 do que nos prévios resultados portuguesas e +140 do que nos resultados angolados... 140!! "oh, numbi, que dramática! 140 pode ser muito ou pouco, dependendo da escala, não é?" pensam vocês. ao que eu respondo: "é!" e para esclarecer quem esteja menos familiarizado com esta realidade, eu indico: nível normal - abaixo de 200, nível de risco moderado - 200 a 240, risco elevado - acima de 240.
vou só fazer um pequeno raciocínio para demonstrar o meu ponto de vista (ia escrever indignação, mas na realidade nem fiquei muito surpreendida com a falha monumental. por cá tudo me parece menos escandaloso...): uma diferença de 140 da realidade para a ficção (vou chamar-lhe ficção, porque se trata realmente de ficção: eles inventam coisas e vendem-nas, exactamente como nos filmes.) pode significar que não estamos com os níveis de colesterol dentro do limite considerado normal,  porque afinal não temos 100, temos 240, ou pode significar que estamos perante níveis de risco elevadíssimo, porque afinal não temos 200, temos 340! check??

os meus níveis de colesterol estão num nível de risco que mereceram o seguinte comentário por parte de uma médica: "com estes níveis arrisca um enfarte não aos 60 ou 70, mas em idade jovem. tomar um comprimido será a opção mais acertada." e, por isso, muito contra a minha vontade e muito a favor do meu sistema nervoso, lá comecei a tomar os comprimidos. fingers crossed para que façam efeito!

como não podia deixar que os meus nervos relaxassem demasiado (seria uma mudança brusca, o que nunca é muito aconselhável, não é verdade?) agora tenho outro problema a atormentar-me, cá vai: o que deverei pensar quando for fazer o teste do paludismo e me disserem: "deu negativo, pode ir descansada"??

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

a somar horas a menos...

hoje demorei duas horas e meia a fazer o percurso do costume que, sem trânsito, se faz em meia hora. se foi por causa daquele acidente gravíssimo que se deu no centro de luanda? (não vão procurar à net, é mentira, não houve acidente nenhum...) não, não foi, mais uma vez foi porque sim.

pode parecer engraçado e até ser uma história com potencial para ser contada aos netos, mas a verdade é que são horas de vida que estou a gastar, sim gastar, e que, tenho a certeza, me vão fazer muita falta quandooo... bem, vamos pôr as coisas nestes termos, são horas que poderiam adiar a chegada do sr. da foice... era isso ou comprar um mercedes... tenho de ponderar bem.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

united colours

após dois meses em terra de sol e praia lá pousei os meus pézinhos na areia da costa angolana. as reacções foram as seguintes:
"madrinha, tá munto branca!"
"munto branca, tem de pintá de amarelo."
"... já não vai à praia quê, desde os 6, 7 anos? tem de vir à praia mais vezes..."
já tinha notado olhares reveladores de reacções semelhantes na piscina do condomínio, mas os meus vizinhos são um nadita mais contidos nos comentários.

já agora, uma questãozita: porque é que as pessoas pensam que por eu ter vindo para uma terra de "gente morena" tenho de ficar como eles? 
já tentei convencer alguns de que "ficar morena" é uma cena que não me assiste, mas eles insistem... a ver vamos, mas o protector 50+ está do meu lado!



os meus lemas #8


"não gostar" é apenas uma questão de comparação.

nota: pode não parecer, mas trata-se efectivamente de um lema!!

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

o céu existe mesmo

porque tem de existir!! 

tem de existir algo superior que faça a triagem entre as pessoas que foram boas, enquanto cá estiveram, e as outras. o trigo e o joio. o altruísta e o egoísta. que alegria posso eu ter se pensar que quando uma pessoa boa morre vai parar ao mesmo sítio que uma pessoa má? como posso descansar se pensar que os que me fizeram bem estão agora reunidos com os que me fizeram mal?

eu sei que as pessoas boas são felizes apenas com a satisfação de o serem, mas porque não aproveitarem a vida terrena para fazerem tudo o que as possa divertir? porque não juntar uns trocos para ir às maldivas em vez de oferecer cada cêntimo ou cada segundo ao próximo, sabendo que o pouco que se dá poderá resultar apenas num breve momento de felicidade? "há fome em áfrica? tenho muita pena e parte-se-me o coração ao ver aquelas criancinhas na televisão, mas eu não tenho poder para alterar isso... vou antes ali ao shopping comprar uns sapatos novos.". não, não estou a falar de ninguém em particular e, na realidade, ao escrever este texto, estou a aperceber-me de todo o meu egoísmo e a achar que a triagem deverá ser bastante mais rigorosa do que julgava quando pensei no assunto, mas não concordam que é obrigatório que haja um poder superior a fazer a separação das almas? podemos conceber a ideia de que a madre teresa de calcutá descansa em paz ao lado do hitler?
eu sei que isto tudo parece paleio de gente católica, como eu sou, a pregar aos peixes, como o santo antónio fez, e na realidade é, mas não deixa de ser verdade, não é? não acredito que se acabe tudo com o fim do corpo e, assim sendo, não posso acreditar também que as nossas acções enquanto seres humanos não têm qualquer influência na nossa condição pós vida.

isto tudo para concluir o seguinte: desejo com muita força que a minha avó descanse agora em paz junto ao meu avô porque foram, em vida, pessoas fabulosas, bondosas e sem qualquer maldade e que, acima de tudo, deram a vida a quem ma deu: a minha mãezinha querida!

rip

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

pequenas notas #11

reparei há pouco que a etiqueta das minhas calças diz, em letras garrafais, "keep away from fire". quero agradecer aos senhores a amabilidade e preocupação mas, a correr tudo como planeado, não vou aproximar estas calcinhas, nem estas perninhas, nem este rabinho do fogo, e a única hipótese de as minhas calças se aproximarem do fogo passa por estarem a precisar de umas substitutas.
fico muito agradecida, mas não havia necessidade.

a prioridade

diz que em angola a prioridade é de quem tiver menos medo...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

os meus lemas #7

nunca julgues o presente pelo embrulho.

nota: pode não parecer, mas trata-se efectivamente de um lema!!
nota1: este lema não é meu, mas poderia ser...

"são zé du" aka "a festa da democracia"

em portugal festejamos os santos populares, são pedro, são joão, santo antónio, são martinho, etc. por cá festeja-se a "santa democracia" ou, pelo que me pareceu pelos preparativos da festa, festeja-se o são zé du (como se pode verificar na foto abaixo). os senhores da televisão não se cansavam de dizer "é a festa da democracia", quando meio mundo sabe mais ou desconfia, porque a outra metade não sabe onde fica angola.

faz hoje uma semana que decorreram as eleições presidenciais em angola. ouvi gente, com mais de 50 anos e com aquele ar altivo de quem sabe perfeitamente o que é a vida, dizer "já é a terceira vez que eu vou votar!" as in: "não pensem que ando neste mundo por ver andar os outros, de eleições percebo eu bem.". resolvi não mencionar que tenho 30 anos e que já perdi a conta às vezes que fui votar, até porque isso não significa que percebo mais de eleições do que qualquer outra pessoa, que nunca tenho ido às urnas na vida. check!

andei um bocadinho nervosa a semana toda, por causa das prometidas manifestações da oposição que decorreriam em simultâneo com manifestações das forças armadas e que, embora se dissessem pacíficas, me deixavam sempre com um pé atrás. mas, na realidade, não tive qualquer problema com as manifestações à excepção de quinta-feira, quando regressava a casa a meio da tarde por nos terem dito "vocês hoje deviam ir cedo para casa. hoje não é aconselhável os brancos andarem na rua de noite..." sim, nós, os brancos. além do trânsito caótico do costume houve ali uma determinada altura em que vejo uma carrinha  de caixa aberta cheia de gajos com cara de poucos amigos e armados até aos dentes (pir - polícia de intervenção rápida, talvez, não sei e nunca pararei para perguntar, prometo!) a parar e descarregar a carga (os gajos, portanto). no meio da rua encontrava-se um polícia sinaleiro a mandar os automobilistas avançarem ou pararem, conforme lhe apetecia. enquanto os tipos saíam da barrinha o senhor agente resolveu parar a nossa fila de trânsito! foi o pânico, apercebi-me de que havia uma manifestação ali ao lado e temi que a coisa fosse descambar. comecei a fazer contas à vida, a perguntar-me por onde passaria a ambulância, para me transportar para o hospital, quando eu fosse atingida por uma bala perdida, quem ficaria com o meu carro, por onde poderia fugir quando começassem a atirar granadas, entre outros pensamentos mais violentos. foi uma viagem do pior que se pode ter: manifestações, polícia, filas e mais filas, gente bêbada no meio da estrada, gente aos gritos, a embraiagem do carro que não colaborava (isso ou era a condutora que, com os nervos, já nem sabia muito bem o que fazer aos pés), basicamente foi uma viagem estilo "salve-se quem puder, que eles andem aí!", é possível que tenha sido o momento mais stressante da minha curta estadia por angola (para não lhe chamar "vida").

os mais rodados diziam que não, que não se ia passar nada, e andavam a gozar com as "gasolina" (nós, acabadinhas de chegar) por causa da "guerra". "então, a guerra já chegou aí?", "estão escondidas nas trincheiras?", "já pediste contraplacado marítimo para tapar as janelas?", "fizeram aprovisionamentos para a guerra?" e, como seria de esperar (por qualquer pessoa que não se visse no meio deste caos urbano (+/- urbano, vá... (tem zonas...))), a experiência trouxe a razão e não houve, até à data, nenhum incidente a registar.

vai-se a ver e até nos deram a sexta-feira de folga, esteve bom tempo para passar algumas horas de papo para o ar, na piscina, mais umas quantas a vegetar em frente à televisão e as restantes a comer ou a dormir. tudo está bem quando acaba bem e eu espero que este episódio esteja encerrado.

uma falha qualquer

há pouco estava a embrulhar uma proposta (sim, embrulhar, como fazem os escuteiros nos hipermercados, pela altura do natal) e passou uma secretária que me disse "sim, faça isso, que antes de vir para aqui era a mim que chamavam para fazer isso. afinal é para isso que você cá está..." e foi à sua vidinha toda satisfeita.

não ligo nenhum ao que esta senhora diz porque ela "não quer saber se gostam dela ou não, porque ela também não gosta das pessoas", sim, das pessoas, em geral, e por isso diz tudo o que lhe passa pela cabeça, seja simpático ou não, faça sentido ou não, seja oportuno ou não (normalmente não é.). mas "é para isso que você cá está" é um bocadinho desprestigiante, eu acho. não o digo porque faço um trabalho que me enche a alma e contribui para o bem estar da humanidade, mas fazer embrulhos? a minha função não se resume a fazer embrulhos, nem a atender o telefone e a passar chamadas, nem a carimbar folhas de papel, nem a fazer o possível e o impossível para encontrar alguma falha qualquer, num sítio qualquer, por qualquer motivo, para poder dar duas de letra com uma pessoa qualquer sobre o que outra pessoa qualquer fez ou deixou de fazer e que criou, por isso, um problema qualquer, eu faço um bocadinho mais do que isso...

nesta empresa, das duas três, ou há uma falha de comunicação, ou uma falha na definição de tarefas ou uma falha na hierarquia, mas que falha qualquer coisa, falha!

de qualquer forma, devo informar que adoro fazer embrulhos e que até já me passou pela cabeça ir trabalhar para uma loja só para poder fazer embrulhos assim, a torto e a direito. gosto, pronto.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

os meus lemas #6

nunca digas a ninguém que queres paz e sossego...

nota: pode não parecer, mas trata-se efectivamente de um lema!!
nota1: este lema não é meu, mas poderia ser...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

bumblebee

haverá personagem mais fofinha do que aquela que utiliza a música para se expressar? também acho que não! adoro!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

unnatural selection

counterbalance this commotion, 
we're not droplets in the ocean, we're the ocean

they'll laugh as they watch us crawl, 
the lucky don't share at all, 
no hope for fate, it's a random chance selection, 
i want the truth

try to ride out the storm, 
whilst they'll make you believe, 
that they are the special ones, 
(we have not been chosen), 
injustice is the norm, 
you won't be the first and you know you won't be the last

muse - unnatural selection