terça-feira, 26 de novembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois #8

Amor. 

Porque ter um bebé em casa é maravilhoso e preenche a vida das pessoas.

Relativamente à última frase do post anterior, posso dizer-vos que é um misto de realidade e sarcasmo puro, porque ter um bebé recém-nascido em casa é um terror maravilhoso!
Por outro lado, é verdade que ter um bebé em casa preenche mesmo a vida das pessoas - preenche as manhãs, as tardes, as noites, todas as atenções, as horas de comer, tomar banho e fazer xixi. Preenche tanto a vida das pessoas que elas quase se esquecem que já tinham uma vida ab (antes do bebé).

Talvez o meu historial tenha influenciado a minha forma de viver a maternidade, mas posso dizer-vos que passei imenso tempo em modo "sobrevivência". Não a minha sobrevivência - que eu nunca mais tive grande importância na minha vida - mas a sobrevivência do meu filho.

Não era o amor que dominava a minha existência, não senhores. A minha existência era dominada pelo pânico de que algo pudesse não estar bem com o meu filho. Nos primeiros tempos, tinha um único objectivo na vida: garantir que o meu filho estava seguro e bem. Bem alimentado, a descansar convenientemente, com a dose adequada de colinho e, acima de tudo, saudável.

Nos primeiros dias em casa, tentei amamentar o meu filho. Tentei muito, juro que tentei! Como ele era muito pequenino tínhamos de o alimentar de 3 em 3 horas, sem falhas! Então, de 3 em 3 horas, eu tentava e ele gritava. Tirava leite com a bomba e ele bebia do biberão. Outras 3 horas, outra tentativa, mais gritos, biberão. Em repeat até à primeira consulta, cerca de 10 dias depois de ele ter alta. São, assim por alto, cerca de 80 tentativas (sou boa com números, what can I say?).

A conclusão da primeira consulta foi a seguinte: "calma, pais, pelo menos não perdeu peso.". Naqueles dias o nosso bebé tinha engordado 10 grama. 10. Recebemos instruções para começar a dar suplemento ao bebé.

Passamos os primeiros 2 meses de vida do nosso filho com o despertador a tocar de 3 em 3 horas. O ritual era o seguinte: tentar amamentar, gritos, biberão, adormecer o bebé, tirar leite com a bomba, tentar descansar, repeat. Quando ficava escuro lá fora era noite e depois, quando ficava claro, era dia. Só isso.
No primeiro mês ainda tive o meu marido em casa comigo, mas no segundo estive sozinha. Exausta. Sem noção do tempo. Sem vida. E o sentimento de solidão que se apoderou de mim? É uma carga demasiado pesada para uma pessoa carregar sozinha. É uma carga tão pesada que nos impede de viver o momento convenientemente, com o coração a transbordar de amor e em modo felicidade plena.

Ao fim de dois meses tivemos carta branca para deixarmos o bebé dormir livremente no período nocturno. Claro que demorou algum tempo até ele perder o hábito das 3 horas, mas as coisas lá foram melhorando.

Mais um mês se passou e eis que... A criança decide que beber leitinho é sobrevalorizado. Começou a beber cada vez menos e nós a esforçar-nos cada vez mais para que bebesse - já só conseguíamos que bebesse leite enquanto andávamos a passear com ele pela casa. Fiz quilómetros dentro daquela casa. Alimenta-lo começou a ser um processo penoso e a hora do leitinho já era antecipada com uma boa dose de ansiedade.

Até que, um belo dia, ele decidiu abandonar a alimentação. Simplesmente, deixou de beber leite.

Pânico!

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Sobre ser mãe de um recém nascido

Alerta, alerta, a Duquesa de Sussex não está bem!! Deve ser sindicalista das novas mamãs, de certeza, o raio da mulher, que não se sabe colocar no lugar dela - que é sorridente e maravilhosa para as câmaras. Sempre!

E pronto, agora que o mundo ficou chocado com as revelações bombásticas da Meghan Markle, vou escrever sobre este maravilhoso mundo que é o pós-parto/deixei de existir como um ser independente e passei a ser a mamã do bebé.

Quase ninguém me pergunta se eu estou bem.
Sinto-me sozinha.
Eu não estou bem.
De um dia para o outro deixei de ser a grávida apaparicada para passar a ser a mãe invisível.
A maternidade é muito exigente.
Ser mãe é extremamente cansativo.

Tive o meu filho aos 36 anos, o que me deu bastante tempo para assistir a gravidezes lindas e maravilhosas, seguidas do nascimento de bebés lindos e maravilhosos e de mães lindas e maravilhosas. E, em 36 anos de vida, apenas duas pessoas me disseram, ipsis verbis, que não gostaram de estar grávidas e que ser mãe é duríssimo - sem nunca terem dito que estão arrependidas da decisão de ter filhos. Depois, tirando um desabafo ou outro, todas as outras pessoas preferem dourar a pílula e falar apenas do lado positivo da maternidade, escondendo o outro lado da moeda.

Honestamente, perdoem-me as amigas de discurso mais realista, achei que estavam a exagerar. Talvez os seus bebés fossem mais exigentes que o normal ou talvez os seus processos de gravidez/maternidade tivessem sido ligeiramente mais complicados que a maioria. Cada uma vive o momento com as suas condicionantes específicas e de acordo com a sua personalidade - talvez elas fossem apenas mais sensíveis a determinados aspectos. Talvez elas fossem a excepção que confirma a regra: a gravidez e a maternidade são lindas e maravilhosas! Foi o que eu pensei, até chegar a minha vez.

Uma coisa é certa, e acho que ninguém discorda: a gravidez é um milagre da natureza! Quando, às 8 ou 9 semanas de gravidez, se começa a ouvir um novo coração a bater a sensação é arrebatadora, a puxar para o surreal. É maravilho saber e sentir que há uma pessoa a crescer dentro de nós!
Mas daí até ser agradável...
Restrições alimentares, enjoos, retenção de líquidos, edema externo, edema interno, dor nas mamas, dor nas costas, hormonas aos saltos, apetite desmedido, peso adicional, restrições estéticas, dificuldade em dormir, acordar constantemente para fazer xixi, azia... E, no entanto, no balanço dos prós e contras, as mulheres que querem ser mães nunca deixam que a longa lista de contras bata o único pró: gerar uma vida nova!

E no fim de uma gravidez mais ou menos complicada - com toda a atenção que é devida à portadora do bebé - a preocupação do mundo para com ela morre aqui: Olá, eu sou o bebé, nasci no dia x, com y kg e z cm. Correu tudo bem, eu e a minha mamã estamos bem.

Depois disto, a mamã passa a ser invisível ao comum dos mortais (sendo ela própria uma comum mortal). O mundo passa, naturalmente, a girar à volta do bebé, e a mãe, que está a passar por um período turbulento a todos os níveis, é um bocadinho esquecida. E o tempo vai passando, o cansaço vai-se acumulando e, a determinada altura, já passamos o nosso limite! Ei, que é feito de mim? Onde fui? Onde está a minha vida? 

E nem vou falar do período de licença do pai. Mais um tópico onde a mãe é esquecida. Ao fim de meia dúzia de dias o pai regressa ao trabalho e a mãe fica sozinha "com a criança nos braços", literalmente. Quantas são as mães que não conseguem alimentar-se em condições ou, sequer, tomar um banho? Quantas mães levam os filhos ao colo para a casa de banho quando têm de fazer xixi?

Não posso escrever sobre amamentação porque, infelizmente, não amamentei. Mas acredito que seja assunto para acrescentar vários parágrafos a este texto!

E agora, voltando à pobre Duquesa, deixo aqui um conselho essencial à sua vida de recém mamã: estala os dedos, mulher!! Ambrósio, apetece-me algo...

E é assim, o nascimento de um filho reduz-nos à nossa insignificância, dando-nos toda uma nova perspectiva de vida.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Ai, Globe, Globe...


O vosso Natal é péssimo! Essa promoção sobe directamente para a pior de sempre!

"Compre 2, receba 1!"

Não, Globe, não! Assim parece que querem roubar as pessoas! A menina ensina:

Compre 2 e leve o terceiro de oferta!
Compre 2 e receba mais um de oferta!
Temos um presente de Natal para si!
O terceiro artigo é o seu presente de Natal!

As palavras chave são: oferta, grátis, gratuito, mais, imperdível, oportunidade, presente, etc.

Sim?

De nada!

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois #7

- O seu bebé vai ser transferido para o serviço de neonatologia do Centro Hospitalar de Gaia.

Fomos para o hospital em modo relâmpago. Ai, as merdas que me passaram pela cabeça depois daquele telefonema...

Quando chegamos ao hospital, já estava tudo pronto para a transferência - incubadora de transporte, pediatra de acompanhamento e tudo e tudo. Enquanto eu chorava sem parar, as enfermeiras e médicos tentavam convencer-me de que estava tudo bem, que era um procedimento seguro, que ele ia ficar muito bem no outro hospital, que iam cuidar bem dele, que não havia razões para chorar. Lembro-me de acenar que sim, que compreendia que não havia razões para chorar, continuando a chorar como se nada me tivesse sido dito.

Só mais tarde percebemos que o facto de o nosso bebé ter sido transferido era, por si só, um bom sinal. Era sinal de que estava bem, de que não era um caso grave, de que não exigia cuidados de maior e de que estaria melhor do que a maioria dos bebés internados no serviço.

Também foi só mais tarde que esta transferência se revelou muito positiva em vários aspectos:
  1. A distância a percorrer até à neo era substancialmente menor;
  2. Por diversas razões, técnicas e não técnicas, ali promovia-se muito mais a proximidade entre pais, filhos e equipa técnico;
  3. Foi ali que amamentei o meu filho pela primeira vez e também foi ali que iniciei a saga da muda da fralda.
Mas havia uma coisa que se mantinha igualmente difícil: sair de lá! É uma brutalidade emocional deixar um filho no hospital e ir para casa. E deixa-lo quando estava acordado e a chorar? Facada, facada, facada!

12 dias depois de nascer, o meu filho foi finalmente para casa. Ainda não tinha 2,0kg mas estava bem e, por estarmos em pleno inverno, os médicos concluíram que estaria melhor em casa do que no hospital, onde aumentariam as probabilidades de contactar com vírus normais da estação.

E assim demos inicio à nossa vida de papás a tempo inteiro. Toda uma nova aventura cheia de incertezas, inseguranças, medos e amor.

Amor.

Porque ter um bebé em casa é maravilhoso e preenche a vida das pessoas.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #8

- Put@ que os pariu!... Desculpa a expressão.

Está desculpado, caro colega, está desculpado...

Normal, normalinho...