terça-feira, 16 de setembro de 2014

sede

da menina pouco resta.
dos lábios trémulos que gritaram baixinho o amor
e dos olhos brilhantes que outrora o tentaram esconder,
pouco resta.

talvez nunca tenha existido, a menina.
volátil, como um sonho de infância, quem sabe...
ah, um sonho de infância!
e se a menina foi apenas um sonho de infância?

e a voz não mais se ouviu.
aquela voz, que outrora alimentara o seu coração,
emudeceu.
secaram as melodias
e eram agora cinzas.
fénix?
não, apenas cinzas. 
mortas.

da menina pouco resta,
senão um coração sedento de alimento.
manchado pelo desespero
de perecer sequioso perante águas cristalinas.

e a voz permanece calada.
audiência silenciosa perante o declínio da vida.
antídoto de passividade letal.

talvez nunca tenha existido, a menina.

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