terça-feira, 29 de outubro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #7

Estava agora mesmo a contar um episódio que se passou comigo ao meu colega de trabalho e ele interrompeu-me para dizer:

- É, não estamos a conseguir enviar e-mails...

Faz sempre a mesma coisa. Conta as histórias dele e quando eu começo a falar das minhas ele desliga e começa a pensar noutra coisa qualquer. Acaba sempre por interromper o que estou a dizer para falar de outro assunto qualquer, que não tem nada a ver.

Bonito, não é? Me, me, me!


Pequenas coisas que adoro #48

Existem duas editoras portuguesas cujos nomes tenho muita inveja de não ter sido eu a "inventar":

Planeta Tangerina e Pato Lógico

Adoro!! Mega fofas!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

çaia pliçada


Quando vi este anúncio da Mayoral saltou-me logo a veia "ei, que cambada de incultos, eu sou mais esperta do que toda a gente". Depois, para não fazer figurinhas muito tristes por precaução, fui ao senhor google perguntar se não estaria a precipitar-me e...

Miçangas?? Com Ç? Sou só eu que acho que escrever miçanga é a mesma coisa que escrever çaia pliçada? Miça, groça, paça, mição?

Escreve-ce acim? Como ce nada foce?

Parece que em português do Brasil se pode. Pronto, tudo bem, é como quiserem. Mas deixo a nota ao povo da comunicação da Mayoral: estamos em português de Portugal.

PS: Aconteceu-me o mesmo com o tema "dar pisca para entrar em rotundas". Escrevi um post cheio de piadolas sobre o assunto (da responsabilidade da veia referida acima) e só depois decidi consultar o senhor google. Na evidência da minha falta de conhecimentos sobre o assunto, abandonei o post. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois... #6

O dia que se segue a uma cesariana é horrível!

Provavelmente reduzem as doses de morfina e a coisa começa a doer. Muito!

E depois existe uma coisa a que chamam "primeiro levante" que é (txanaaaam) a primeira vez que a pessoa de levanta da cama depois da operação. O primeiro levante é sempre feito com assistência porque pode provocar tonturas e existe o risco de queda. Mas digo-vos, com sinceridade, que ter tonturas foi o menor dos meus problemas! Aquela m£r#@ dói muito! (Acredito que a mesma experiência num hospital privado teria sido realizada com menos "vamos lá que, ainda neste turno, tenho de fazer mais 13 levantes.", mas a verdade é que deve doer muito na mesma! Muito! Sempre!) Dói muito o primeiro levante, dói muito o segundo levante, o terceiro, o quarto e todos durante uns bons tempos! Mas pronto, com mais ou menos dores, lá fui obrigada a retomar as tarefas básicas de vida: comer, beber, ir à casa de banho, deitar-me, levantar-me e tomar banho (nem vou escrever sobre o banho nos primeiros tempos porque é só triste).

E, sem que uma pessoa perceba bem o que se passou, o período reservado ao amor incondicional e à recuperação da mãe transforma-se num período de ansiedade e correria para estar com o bebé e garantir que está tudo bem.

As enfermeiras diziam que quando um bebé nasce e vai para a neo (serviço de neonatologia) nunca mais vêem a mãe. Com mais ou menos dificuldade, de uma forma ou de outra, as mães arranjam sempre forma de estar com os seus bebés na neo! Meu dito, meu feito. Depois do meu primeiro levante pedi para ir ver o meu bebé à neo - eram as auxiliares que nos levavam de cadeira de rodas dada a distância, a condição física da mãe e a segurança no hospital - e dei início ao meu êxodo da enfermaria.

A primeira vez que vi o meu bebé dentro de uma caixinha transparente, sozinho, minúsculo e indefeso, chorei aí uns 15 minutos seguidos, sem sequer tentar parar - era o que a minha alma (e as hormonas, vá) me dizia para fazer naquele momento. Sentei-me ao lado dele, também eu a sentir-me sozinha, minúscula e indefesa, e chorei até sentir o peito mais leve. Chorei até se desvanecer o motivo daquele pranto. Até deixar de fazer sentido. E assim, em viagens de cadeira de rodas de cá p'ra lá e de lá p'ra cá, se passaram 3 dias, até ter alta hospitalar.

Foi pela hora de almoço que saí do hospital. Precisava de uma refeição decente, de um banho quentinho e do conforto do lar, mas o meu filho tinha ficado no hospital! Como é que uma pessoa vai para casa, depois de ter um filho, e o deixa ficar no hospital? Sozinho, dentro de uma caixinha, no meio de tanta gente... Nem a certeza de que está a ter os melhores cuidados que poderia ter diminui o aperto no peito que se sente quando se vai para casa e se deixa um filho no hospital.

Almoçamos no shopping, fomos a casa tomar um banho e voltamos para o hospital. Depois saímos para jantar e regressamos ao hospital. Acho que não exagero muito se disser que fiz uns 2 quilómetros a pé no dia em que tive alta do hospital - porque a neo do hospital de São João fica muuuuito longe da entrada do hospital e a entrada do hospital fica muuuuito longe do estacionamento. Andava muito, muito devagar e, porque ainda tinha muitas dores, não conseguia endireitar as costas. Literalmente, andei até não poder mais! Houve ali uma altura em que me senti a desistir (quando agora penso nisso lembro-me sempre do coelhinho do anúncio da duracell a ficar sem pilha, porque foi exatamente isso que senti), senti que não conseguia dar nem mais um passo. Mas consegui! Dei muitos mais passos! Consegui chegar à neo nesse dia, e consegui repetir tudo, três vezes, no dia seguinte!

O dia que se seguiu, o meu terceiro depois da alta médica, começou com um telefonema:

- Estou...?
- Estou a ligar do Hospital de São João, mas não se preocupe, está tudo bem com o seu bebé!

Não sei se comecei a chorar imediatamente ou se demorei a começar, mas chorei praticamente o dia todo!

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #6

O meu colega de trabalho às vezes diz-me coisas do género:

- Hoje custou-me mesmo muito levantar...

- Hoje senti que precisava de mais umas horinhas de sono...

- Hoje senti-me mesmo cansado quando me levantei.

Ora bem, nós entramos às 8 não entramos às 10, claro que custa muito levantar de madrugada! Além do mais, já lhe disse que tenho um filho bebé e ele, ainda assim, insiste nesta conversinha de quem não faz ideia do que é estar cansado. Pergunto:

Apetece-te chorar quando o despertador toca? Todos os dias!
A vida parece-te uma grande injustiça até às 10 da manhã?
As pessoas à tua volta evitam contacto visual enquanto executam as tarefas básicas matutinas, no sentido de evitar confrontos violentos?
Não sabes o que é tomar o pequeno almoço sentado porque gastaste esse tempo em snoozes no telemóvel?
O teu estilo diário é "que se fod@, vai assim", por razões óbvias?
Se fosses para o trabalho num big foot os outros condutores deviam temer-te?

Então, caro colega, pára com isso porque não fazes ideia do que estás a falar!

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #5

Coisas que tenho aprendido no meu emprego novo e que contrariaram todas as minhas expectativas:
  1. Eu não sou chata. Nem um bocadinho.
  2. Sou muito simples e descomplicada;
  3. Sou uma pessoa bastante madura e equilibrada;
  4. Sou um ótimo "muro das lamentações";
  5. Sou uma funcionária com espírito rebelde;
  6. Trabalhar 8 horas por dia é positivo;
  7. A limpeza geral de um escritório é um assunto;
  8. Há gente maluca por todo o lado (esta eu já sabia, mas achei que era pertinente referir);
  9. Ter um local limpo e confortável para fazer uma pausa-lanche-café é um luxo;
  10. As palavras ditas, na falta de registo comprovativo, valem zero.
A minha auto-estima em ascensão exponencial e o meu profissionalismo em queda livre. Normal, normalinho.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Coisas que me fazem rir #141

Faz hoje 3 meses que me inscrevi no ginásio. Nem um quilo emagreci.

Vou ter que ir lá pessoalmente para ver o que se passa.

Guerra é guerra!

Hoje de manhã, a caminho do trabalho, tive um surto de fúria no trânsito.

Se há coisinha que me tira do sério é o trânsito. Ora bem, não é bem o trânsito, na realidade são as pessoas que estão no trânsito:
  • A pessoa que tem muita pressa em meter-se à minha frente para depois ir a 30km/hora "porque andar na estrada é um perigo e todo o cuidado é pouco".
  • A pessoa que espera até à última para se meter na fila certa e fazer a cena "ah, desculpe, só agora é que me apercebi de que tinha de sair aqui..."
  • A pessoa que não dá pisca num local onde é essencial dar pisca.
  • A pessoa que não tem pressa nenhuma, está super bem e relaxada, apesar de ser hora de ponta.
  • A pessoa que pára em segunda, terceira, quarta - e por aí em diante - fila.
Entre outras pessoas, que nesta guerra que é o trânsito eu não tenho amigos.

Então, vinha eu cheia de pressa para o trabalho - é o único modo que conheço de manhã, até porque saio de casa sempre ligeiramente atrasada (sim, estou consciente de que este sentimento de hostilidade que tenho no trânsito poderá, eventualmente, estar relacionado com isto)  - quando chego a uma rotunda e tenho de parar. O trânsito lá começou a rolar novamente, bem devagar, e entrei na rotunda. Como o trânsito estava muito lento, a pessoa que ia à minha frente deixou outra pessoa entrar na rotunda e eu, numa situação normal, teria feito exactamente o mesmo com a pessoa seguinte (que sou uma pessoa civilizada), mas...

Quando me apercebi, a pessoa começou a entrar na rotunda e a "competir" comigo para ficar à minha frente. Sem um olhar, sem um gesto que fosse. E digo competir porque era mesmo isso que estava a acontecer! (Eu reconheço uma competição por um lugar no trânsito, senhores, que passei 1 ano a conduzir em Luanda!!)

Juro que estas merdas me tiram do sério! Desta vez, ao ponto de me ter transformado em Dominic Toretto e ter feito uma manobra manhosa para ficar à frente da pessoa. (Eu tinha prioridade, sabem? E nem um olhar? Nem um aceno? Nada? Há mínimos, não há? Educação? "Vou meter-me à tua frente porque sou melhor do que tu! Muahahaha", "Eat my dust!! Muahaha", "Chega p'ra lá, ó bimba! Muahahah") Oh, pá, não sei gerir isto, a sério. Arrependi-me instantaneamente do que fiz e fiquei a sentir-me uma péssima pessoa!

Passados uns segundos a pessoa ultrapassou-me (de ruim, claro, que guerra é guerra!) e fiquei a sentir-me muito melhor, por ter percebido que não estou nesta guerra de egos sozinha.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Coisas que me fazem rir #140

- Estás mais gordo, devias ir para o ginásio.
- Eh pá, e tu devias ir para a biblioteca.
- Não percebi.
- Lá está.

Aproveita agora para dormir porque depois... #5

Não fazendo ideia do que estou a falar, preferia que o meu bebé tivesse nascido de parto natural. Porque é natural. Porque tem, em teoria, uma recuperação mais rápida. Porque acontece, em teoria, quando está tudo pronto para acontecer.

Não tendo sido possível, o meu bebé nasceu de cesariana. Cesariana programada no dia anterior. Sem direito a aulas de preparação para o parto, claro - que uma pessoa internada não vai às aulas.

Estava bastante calma quando me levaram para fazer a cesariana. Estranhamente zen (mesmo depois de me estacionarem uma boa meia hora à porta da sala de operações, à espera da equipa anestesista). Mas, não fosse eu ter uma experiência de parto agradável, lá chegou a equipa anestesista para normalizar a situação e me deixar no limiar de uma crise nervosa. Eu sei, e compreendo, que o procedimento de aplicar uma epidural tem de ser super rápido e eficaz, em determinadas situações, mas - opinião de quem não percebe bolha sobre o assunto - podiam avaliar as situações caso a caso e actuar em conformidade!

O meu parto, por exemplo, foi um caso gritante de "vão com calma que eu não tenho pressa nenhuma!" "por favor, façam as coisas devagar e vão explicando tudo, como se eu fosse uma criança de 5 anos." "vocês sabem que não tirei o curso, não sabem?" "eeeeiiii, deslarguem-me!!". Mas não. Estamos a falar de robôs em missão - fofos e eficientes e tudo e tudo, mas robôs em missão.
"Sente-se na marquesa", "mais para a frente", "menos", "endireite as costas", "curve as costas", "abrace a almofada" e, enquanto me borrifavam as costas com álcool etílico gelado iam repetindo "não se mexa!", como se isso fosse, sequer, possível! Simultaneamente, um batalhão de robôs enfermeiras manejam-me a alta velocidade para me "instrumentarem" para a intervenção. Não faço a menor ideia de quanto tempo aquilo durou mas, na minha cabeça, foi como se me tivessem dado uma injecção de stress.

- Está pronta! - "mais um cliente satisfeito", devem ter pensado os robôs as enfermeiras.

Não estava pronta. Nem satisfeita. E começava a não sentir os dedos dos pés, o que me stressava ainda mais!

Chegou a equipa médica e em menos de nada o bebé estava cá fora. Depois foi "só" coser tudo outra vez no sítio, mais coisa menos coisa, e estava prontinha! "Prontinha", sabem? "Obrigada por ter vindo e até à próxima." e eu sem bebé, deitada numa cama encostada ali à porta da sala de operações e sem sentir os dedos dos pés! Prontinha...

O que eu não sabia era que nesta altura, e apesar de tudo, ainda estava super bem! Morfina, acho.

Só voltei a ver o meu filho no dia seguinte.

Escrevo sobre publicidade #38

Há marcas que precisam urgentemente de mim!

Existem anúncios que me fazem revirar os olhos enquanto faço o meu melhor ar de reprovação. São maus. Péssimos! (Aposto que estão todos a pensar na MultiOpticas, não estão?)

Acabei de ouvir o novo anúncio de rádio da Lactacyd - uma marca de que gosto e até consumo:

- ... se não lava o cabelo com pasta dos dentes porque lava a sua zona íntima com gel de banho?

Porque, obviamente, é uma comparação super sensata. Valente reviranço de olhos!

"Se não coloca marisco na sopa de legumes porque coloca cenoura no arroz malandrinho de feijão?"

"Se não faz piqueniques à chuva porque usa sapatilhas quando vai à praia?"

"Se não conduz pela direita porque excede o limite de velocidade em localidades?"

"Se não vai votar porque se queixa do estado da Nação?"

Estão a notar ali um padrão?

Coisa sem sentido ... porque... coisa normal, normalinha.

Lactacyd, estou disponível para negociações!