sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

never say never

lembro-me de, há alguns anos atrás, não ter percebido a atitude de uma pessoa e ter achado que teve uma reacção muito infantil perante determinada situação. achava eu que não fazia o menor sentido "eu nunca faria uma coisa dessas! que infantilidade, é ridículo!". houve quem tentasse explicar-me "é apenas uma forma de defesa.", "não fiques chateada, tenta compreender..." a semana passada fiz exactamente a mesma coisa, perante uma situação semelhante.

e agora compreendo. agora tudo faz sentido. faz-se porque assim dói menos. faz-se para que fique longe da vista. faz-se por auto-protecção.

a esperança não deveria ser a última a morrer. ela é um veneno que nos impede de enfrentar a realidade em tempo real. o agora é consumido num mundo paralelo, cheio de possibilidades e onde, eventualmente, acontecerão as coisas que mais queremos que aconteçam. e o tempo passa... e a esperança tolda-nos a visão e torna-nos demasiado vulneráveis à realidade. à vida real. ao mundo exactamente como ele é, sem unicórnios nem pozinhos mágicos.
a esperança é um alimento.
a esperança é a subida que nos leva à altura da queda que sentimos quando a realidade nos é apresentada em forma de murro no estômago.
a esperança é o "quanto mais alto subires...".

e aí temos de reagir! ninguém consegue ficar indiferente a um murro no estômago. uns atiram-se para o chão agarrados à barriga, outros dão um murro de volta, uns desmaiam, outros choram, gritam, esperneiam... e ainda existem os outros, os que se colocam automaticamente em posição de defesa. os que fingem que não doeu, sofrem em silêncio e fazem qualquer coisa para evitarem novo golpe.

aqui é que reside o problema! depois de levarmos um murro no estômago fazemos qualquer coisa para evitarmos uma repetição, "qualquer coisa" esta que pode revelar-se a atitude mais infantil de sempre.

estou só a defender-me...

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