terça-feira, 24 de setembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois... #4

Chorei descontroladamente quando me disseram que ia ser internada. Chorei até deixar de ouvir a médica. Perguntei se podia chamar o meu marido, para que alguém ouvisse o que ela estava para ali a dizer.

O cenário ainda não era dramático, mas o bebé poderia ter de nascer a qualquer altura, no caso de as coisas se complicarem. Certo. A ideia era monitorizar alguns parâmetros, gerindo o compromisso entre a saúde da mãe e a idade gestacional do bebé. Enquanto não houvesse perigo para a mãe deixariam o bebé desenvolver-se na barriga.

Passaram poucos dia até me dizerem:

- Amanhã de manhã não vai tomar pequeno almoço. A enfermeira vem cá colher sangue e tem de esperar pelos resultados. Se estiver tudo bem toma o pequeno almoço, se não estiver o bebé tem de nascer e você já está em jejum.

Se, por um lado, a situação era assustadora, por outro lado sabia que estava no sítio certo para enfrentar o que fosse preciso, que ali fariam o melhor que pudessem por mim e pelo meu bebé.

Comecei a ficar mais preocupada quando, passado uma semana de estar internada, entrou outra grávida com os mesmo sintomas, às 30 semanas de gestação, e o bebé teve de nascer passado 1 ou 2 dias porque estava em dificuldades. Nasceu com problemas respiratórios e outras complicações, talvez mais graves. A partir desse dia, sempre que vinham fazer ou dizer o que quer que fosse, eu só conseguia perguntar se o bebé estava bem. Diziam-me sempre que sim.

Depois de uma semana a fazer análises diariamente para controlar os parâmetros sanguíneos - que, em teoria, determinariam o nascimento precoce do bebé, eis que chega o dia de fazer uma ecografia "de rotina":

- O seu bebé está muito pequenino. Não está a crescer como devia.
- Mas está bem?
- Sim, mas está com restrição de crescimento.

Nesse mesmo dia, duas médicas sentaram-se ao meu lado e explicaram que não valia a pena persistir com a gravidez, que o bebé cresceria melhor "cá fora". Nasceria no dia seguinte, às 34 semanas.

E assim foi, no dia 5 de dezembro de 2018, às 12:30, nasceu o meu pequeno príncipe, pequenino, enrugado e aos gritos. "Este ainda não saiu e já está aos gritos." foi o que disse a médica, para meu grande alívio, quando retirou o pequeno do seu ninho.

Vi-o, de relance, quando a médica o elevou - qual cena do rei leão - e depois levaram-no. Voltaram com ele embrulhadinho e disseram que era mesmo só por uns segundos, para eu o sentir. Foram uns 10 ou 20 segundos transcendentes, arrebatadores, até voltarem a levar o meu bebé, porque ele era muito pequenino e o tempo estava muito frio. Foi para a Neonatologia. Só o voltei a ver no dia seguinte.

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #4

Entrei nesta empresa para reforçar um departamento onde trabalhava apenas uma pessoa. "Ah, e tal, porque há muito trabalho no departamento e é preciso alguém para ajudar." Com certeza, a minha especialidade é ajudar!

No meu primeiro dia de trabalho esperava uma espécie de welcome party, é com muita agrado que a recebemos entre nós - tipo seita religiosa - mas não foi isso que recebi. Nem um computador preparado p'ra mim, nem uma conta de e-mail personalizado, nem material de escritório, nem um rato a funcionar, nem uma visita guiada às instalações, nem um código para poder usar as impressoras, nem sequer 5 minutos de introdução ao trabalho. Recebi, sim, uma ronda de apresentação aos vários poleiros - porque esta gente gosta de se sentir importante - convém "massajar-lhes o ego".

Hahaha, muito engraçado "massajar-lhes o ego", ainda bem que este tipo tem sentido de humor. Mais uma empresa igual às outras. - pensei. Só que não, afinal não.

Aqui, trabalha-se 9 horas por dia que, mais coisa menos coisa, foi o tempo em que ouvi o meu novo colega de trabalho a dizer mal de tudo e todos, logo no primeiro dia - e em todos os que se seguiram. Todos! Que me recorde, escapam 2 pessoas à sessão de mal dizer. Quando digo mal dizer não me refiro a "é chatinho", "pouco sociável", cheira mal", "come com a boca aberta", refiro-me a todo um outro nível de insulto, que atingiu o nível "deficiente mental", passando por todos os níveis intermédios - não se preocupem, tenho anotado tudo para vos mostrar (de nada).

Acha que, tecnicamente, não há pai para ele, aqui na empresa, o que poderá ser verdade ou não, mas o que é certo é que não compreende como é que não o valorizam mais, dado que quase todas as outras pessoas que trabalham aqui são "ignorantes" e estão a aproveitar o "oásis" financeiro que encontraram nesta empresa.

Fez questão de me dizer, algumas vezes, que foi ele que me escolheu para o lugar. Eles queriam contratar outra pessoa mas ele viu logo que eu tinha potencial (a história da minha vida) porque uma pessoa que acaba o curso de engenharia civil, na FEUP, em 5 anos, tem de ter grandes capacidades, porque ele também passou por lá e sabe bem do que está a falar.

Reconheço-lhe uma grande capacidade de trabalho, uma dedicação difícil de igualar e uma atitude pouco comum numa pessoa sã, o que me faz acreditar que está doente. Vive com uma revolta que o impede de analisar as coisas com clareza e sensatez. Explode com um bom dia ou com a falta dele. Não controla as emoções, está a um suspiro de mandar tudo ao ar. Só vê defeitos em tudo e em todos e (era aqui que eu queria chegar) às vezes confunde as coisas e atira para o ar insultos que abrangem toda a população. Falo de quê?

Diz que esta empresa é um antro de cusquice. Mas não são só as mulheres (começa aqui) há aqui muitos homens que deviam usar mini saia e fazer a depilação (Viram? Entendem o que quero dizer com "toda a população"?) Já me disse isto dezenas de vezes e acha mesmo um piadão a este comentário. Um dia chegou a dizer-me: não me leves a mal, eu sei que és uma mulher... E tal... E eu, como sou uma moça do bem, sorrio, assobio para o lado e fico a pensar no quadrado em que o senhor vive. Apertadinho.

Normal? Com certeza. Como quase tudo, por aqui.

Flores cor de rosa

Ontem fomos marcar o restaurante para o baptizado do F.. Correu tudo muito bem e a conversa estava a ser bastante produtiva, até chegarmos aqui:

- É menino ou menina?
- É um menino.
- Eu não gosto nada de flores pintadas e não há muitas flores azuis...
- Para os arranjos nas mesas? Pode por flores cor de rosa à vontade, por mim não há problema nenhum!!

Nenhum! Zero! Mas tanto a senhora do restaurante como o meu marido acharam má ideia. Se podem não ser cor de rosa porque hão-de ser cor de rosa? dizia-me ele, depois.

Se as flores nascem cor de rosa vamos deixar que se mantenham cor de rosa. Os meninos não nascem azuis. E, assim como assim, por esta ordem de ideias, mais valia arranjar as mesas com bolas de futebol ou carros (ainda é cedo para falar em gajas). Flores são flores. Não há flores de menina e flores de menino, há flores. E, pensemos friamente, as flores não são para vestir o bebé, são para enfeitar uma mesa. Uma mesa. Feminino. (Pronto, estou a divagar, peço desculpa).

Não é consensual mas eu mantenho-me firme na minha convicção de que meninos são meninos, meninas são meninas e flores são flores. 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois... #3

Foi muito duro começar uma dieta rigorosa de um dia para o outro, numa altura em que tinha como principal actividade enfardar pão. Sou uma pessoa simples, nada dada a gourmesismos - pão é vida!

Mais duas ou três semanas se passaram até ter uma consulta de rotina no centro de saúde.

- Você tem as tensões altas. Costuma ter?
- Não sei, acho que não. Nunca ninguém me falou sobre isso...
- Vá vigiando, meça dia sim dia não na farmácia, para controlar, e cozinhe com muito pouco sal, ou até nenhum. Se estiverem acima de 10/14 vá à urgência.

Na consulta da diabetes ninguém me tinha falado no sal, devia evitar tudo, menos o sal. Pronto, já estava na lista também.

Evite comer, mas alimente-se bem porque está grávida, sim? 

Na minha cabeça, era isto que estava a acontecer. Não podia comer nada, mas tinha de me alimentar na mesma. E bem, porque não se tratava apenas de auto alimentação, se é que me entendem. Foram tempo difíceis. Durante semanas alimentei-me a sopa, bolachas de água e sal, iogurtes naturais, queijo fresco e pequenas porções de carne, peixe, fruta, pão, arroz, massa, batatas, etc. Já referi que foram tempos difíceis?

Entretanto, porque a preguiça era a ordem do dia e devia evitar caminhar, comprei uma máquina de medir as tensões, para não ter de me deslocar à farmácia sempre que as queria medir. Fui fazendo controlo diário e, mais coisa menos coisas, foram estando altinhas-ó-normal até ao dia:

- Tenho as tensões a 16/12! Vou tentar relaxar e depois meço outra vez, a ver se baixam.

Não baixaram. Eram 3 da manhã quando fui à urgência. Fizeram os testes do costume (já lá tinha ido 2 vezes por ter uma pequena perda de sangue e dores fortes no fundo das costas) e detectaram proteína na urina - acho que percebi logo. Disseram que ia ter de fazer análises sanguíneas e esperar pelo resultado. Foram horas de espera. Quando me voltaram a chamar foi para me dizerem que ia ser internada. Pré-eclâmpsia. Tinha 32 semanas de gestação.

Conheço pessoas que adoraram estar grávidas e eu tenho mesmo muita pena de não ter conseguido aproveitar a minha gravidez. Acho que ver e ouvir o bebé nas ecografias e senti-lo a mexer na barriga eram as únicas coisas boas no meio de todas as complicações que foram surgindo.

Mas a saga gravidez ainda não tinha terminado...

Pérolas facebook #42

Faleceu um senhor na minha terra e publicaram o flyer da necrologia no facebook. Alguns dos comentários à publicação:

Os meus pesamos sinceros para toda a familia.

Os meus centimentos a toda a familia.

Deus lhe dê o interno descanso.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Lyrics | nem tudo o que reluz é ouro #2

A segunda letra desta rubrica é de um artista por quem nutro uma grande admiração (not), porque sou da opinião de que devemos dar valor a uma pessoa cuja obra não nos agrada minimamente, cuja imagem nos parece deixar um bocadinho a desejar e que tem um sotaque muito, muito estranho a cantar (vão dizer que sou só eu que oiço o sotaque, não? (e não era suposto as pessoas perderem o sotaque quando cantam?)) e, ainda assim, consegue ter uma legião de fãs fanáticas ansiosas por lhe pôr as manápulas em cima. Tem mérito, eu acho!

Falo, obviamente, do Agir (para quem não conseguiu chegar lá com todas as dicas que lancei).

Fiquei a saber que uma canção não chega
Há muito mais a fazer
Pois quem não cuida perde

...
Fiquei a saber que uma carta não chega
Há muito mais a dizer

Pois quem não sente esquece
...
O quanto és bela, bela demais
E eu só tenho pena
Já não sei bem como ela vai
Quando dei por mim alguém viu em ti
Algo que eu não vi e então perdi
E eu só espero que sejas feliz

Já que te levaram de mim, de mim
...
E que um dia ainda voltes pra mim, pra mim
                                    Como ela é bela - Agir


Ora bem... Tenho tanto a dizer sobre isto que nem sei por onde começar.

Ponto 1 - Agir, pensavas que escrever canções e mandar cartas ia manter a cachopa ao teu lado? Sem cuidar, sem estar presente? Tenho uma novidade p'ra ti: ninguém a levou de ti, ela foi pelo próprio pé!

Ponto 2 - Se alguém viu nela algo que tu não viste, se calhar merece um bocadinho mais do que tu, não concordas?

Ponto 3 - A mulher foi-se embora porque quis, se queres que ela seja feliz será mesmo boa ideia ela voltar p'ra ti? Pensa nisso.

Over and out.


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois... #2

A semana lá se passou, sem qualquer sobressalto ou dor aguda.

- Ah, cá está ele! Parece estar tudo normal.

Depois do incrível momento em que se ouve o bater do coração do bebé, mesmo sem haver uma silhueta humana definida no ecrã, voltaram as preocupações:

- Você tem a placenta baixa.
- Ok, doutora, e então o que é que isso significa?
- É uma gravidez de muito alto risco. Você tem de ficar de repouso, não fazer esforços e evitar caminhar.

Evitar caminhar? Aos 2 ou 3 meses? Ah? O que é que se passou aqui?

Aos 4 meses estava de baixa médica por gravidez de risco. Evitei caminhar e estive num repouso moderado até ao 5 mês, que foi quando interiorizei que era a sério e parei todas as actividades que, até ali, me tinha permitido continuar a fazer.

Fui fazendo todas as ecografias e testes que me foram prescritos e as coisas decorriam dentro de uma normalidade relativa, dadas as limitações que me tinham sido impostas e o facto de ter sido necessário repetir a ecografia morfológica, porque a médica não conseguia garantir que o osso do nariz estava lá - sendo este um dos principais critérios de avaliação da probabilidade de haver uma trissomia. Repetiu-se, estava tudo bem.

Ao contrário de todos os relatos que já ouvi sobre o temido teste de glicemia, o meu correu lindamente. Bebi a mixórdia doce, aguardei os enjoos e má disposição mas eles não chegaram. Passou uma hora, passaram duas e eu não senti absolutamente nada! Zero! Ah, boa, Numbi, de certeza que vai estar tudo bem! disse-me uma amiga. Não estava.

- Você está com diabetes gestacional.
- Ok, doutora, e então o que é que isso significa?
- Vai ter de fazer uma dieta rigorosa e talvez ter de tomar comprimidos.
- Tem riscos para o bebé?
- Sim, pode ter.

E assim continuou a saga gravidez:

Evitar caminhar e reduzir a mínimos dolorosos o consumo de tudo o que me apetecia comer: pão, arroz, pão, massa, pão, batatas, pão, fruta, pão, etc. 

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Lyrics | nem tudo o que reluz é ouro #1

Vou começar esta rubrica com uma música do André Sardet, o bom do moço que, com certeza, tinha boa intenção quando escreveu aquilo:

Eu não sei o que me aconteceu
Foi feitiço o que é que me deuP'ra gostar tanto assim de alguémComo tu
              Foi feitiço - André Sardet

Que a minha mente interpreta como:

Passei-me da cabeça! De facto, uma pessoa não escolhe as pessoas de quem gosta...
Olha p'ra ti, o amor é mesmo cego!
Nunca na minha vida pensei gostar de uma pessoa como tu, isto não é normal.
Ai, fo**-se!! Que merda é esta que estou a sentir?? Vade retro satana!

E pronto, é o que temos.

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #4

Quando cheguei à empresa, há cerca de um mês, andava por aqui um colega - licenciado e, até, detentor de uma pequena quota na empresa - a sentir um misto de emoções, ora estava feliz porque ia de férias na semana seguinte ora estava muito desiludido com a empresa, por este ou aquele motivo. Feliz com o futuro próximo, apreensivo com o futuro a médio/longo prazo.

Na semana seguinte, lá foi de férias. Voltou passado uma semana e vinha trabalhar, invariavelmente, de calções.

Houve quem alertasse:

- Oh, playboyzinho (isto sou só eu a dizer), você vem trabalhar de calções? Olhe que parece mal. Parece que está de férias.

- Eu estou sempre de férias!

(Julgo poder tratar-se da verdade, quando diz que está sempre de férias...)

Um dia, perguntaram a um dos grandes chefes pelo playboyzinho, ao que ele respondeu:

- Já o vi. Anda por aí de calções, qualquer dia vem trabalhar de saia!

Nada mais normal, certo?

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Aproveita agora para dormir porque depois... #1

Ai, gente, não sei que raio de bebés é que vocês estão a criar! Pequenos monstros, só pode. Que raio de criatura é que não deixa as pessoas dormirem? O chefe e poucas mais...
Que exagero, maltinha. Não pode ser assim tão dramático...

Sempre quis ser mãe. Não tinha pressa, apenas o desejo de, um dia, experimentar aquele amor sem limites de que todos falavam. Assustava-me muito pensar que podia acordar um dia e perceber que era tarde demais.

Felizmente, a vida encarregou-se de concretizar este meu desejo e, no dia 5 de maio de 2018, confirmou o que eu já sabia: estava grávida!

Hip hip hurray!!! 

Não, não foi isto que senti. Mesmo sabendo que o resultado seria aquele, foi apenas perante um teste positivo que fiquei em pânico. "Estou grávida, e agora?"

Vamos lá fazer as coisas como deve ser. Primeiro passo: ir ao médico!

Marquei consulta de obstetrícia e lá fui dar a boa nova.

- Olá, boa tarde, fiz um teste de gravidez e deu positivo.
- Muito bem, vamos lá ver esse feto, então.

Breve nota do autor: parece que quando uma pessoa engravida passa a ser super normal fazer ecografias endovaginais, já ninguém pede licença nem o catano, é tudo estrada. A "mamã" passa a ser apenas o transportador do ser lindo e maravilhoso que se está a gerar - do ser que importa - if you know what I mean. Até porque, uma ecografia endovaginal é zero comparado com o que aí vem. Nada grave, no fim de contas, porque a distância entre a revolta e a cedência total e absoluta é um bater de coração.

A senhora bem se esforçou por ver alguma coisa mas acabou por me dizer para trocar de sala porque a outra teria uma máquina com maior resolução.

Na nova sala, novo esforço. "Vou só ali chamar uma colega.". Foi mais ou menos por esta altura que comecei a ficar apreensiva.

Andaram ali as duas às voltas e nada. Tive de perguntar:

- Doutora, está tudo bem?
- Não sabemos. Não conseguimos encontrar o feto. O pior cenário é ele estar a desenvolver-se no sítio errado e você ter uma gravidez ectópica. As probabilidades são muito baixas, mas pode estar a acontecer.

Eu sabia bem do que falava. Aconteceu a uma amiga muito próxima.

- Se, durante a próxima semana, sentir alguma dor forte vá logo para o hospital. Marcamos consulta para daqui por uma semana, para reavaliarmos.

E foi assim que começou a saga gravidez:

Pode estar ou pode não estar tudo bem, ok? Passe bem e até daqui por uma semana. 

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #3

Ontem fui, pela primeira vez, tomar café* com uma colega aqui do tasco (que, dizem as más línguas, é familiar dos grandes chefes). Éramos 4 mulheres - eu, a prima, a miúda nova (primeiro dia) e a boazona (sim, temos cá uma, hei-de escrever-vos sobre ela).

Percorremos os 100 metros que separam o escritório do armazém arruinando um potencial momento de calma e sossego com uma boa dose de conversa despida de qualquer tipo de interesse e eis que chegamos à máquina de vending, onde se podia comprar desde batatas fritas a chocolates, passando pelos inevitáveis lanches e croissants.

Enquanto tirava um lanche, dizia a prima:

- Pesei-me no fim-de-semana, quando cheguei de férias, e pesava 73 quilos! Engordei 3 quilos nas férias! Nós costumamos pesar-nos sempre, na balança dos porcos, antes de irmos de férias e quando regressamos.

Perante 3 almas desinteressadas, continuou:

- Achei muito estranho, mas pesei-me passado um dia e já só pesava 72 quilos. Depois voltei a pesar-me e já pesava 70 quilos outra vez. Eu sabia que devia ser só uma acumulação no intestino!

Soaram os alarmes na minha cabeça "e agora, como vou participar nesta conversa de e sobre merda?" "isto está mesmo a acontecer?" "ela disse mesmo que estava cheia de cocó?" "numbi, e se abandonasses já, sem sequer olhar para trás?" "como é que vens sempre parar a estes sítios, mulher?" "damn!".

- Eu sou assim, fico sempre com o intestino desregulado quando vou de férias. Tenho de levar clisteres e tudo!

Juro que tentei sorrir e acenar que sim com a cabeça, mas acho que não me saí muito bem.

- Agora já estou normal outra vez, faço duas vezes por dia.

Good for you, prima, good for you!

P'ra mim, que estou cá há um mês, foi uma experiência já a tender para o normal, dada a diversidade de experiências alternativas que se vivem por cá, mas imagino que a miúda nova tenha achado um pouco estranho. Um pouco.

A boazona disse-me, mais tarde, que o tema é sempre o mesmo, quando há pessoas novas no café. Achei bem, coerente, até. E normal, super normal.


*as in: ir à máquina de café, que está no armazém, a meio da tarde.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #1 | adenda

Coisas (mesmo muito pouco) normais, normalinhas #1

Ainda na saga "de 15 em 15 dias é mais do que vocês merecem, escumalha"

Tenho levado o lixo p'ra casa ou para os contentores do armazém para não encher o caixote do lixo do gabinete.

Normal? Super!