domingo, 6 de janeiro de 2013

just my imagination

vejo muitos filmes: é um facto! e creio que este facto desenvolveu um estranho e perigoso talento em mim, que passa pela criação do argumento dos filmes da minha vida! na minha cabeça não existem apenas factos, esperanças, medos e sonhos. na minha cabeça os factos são factos, mas cada facto desenvolve esperanças, medos e sonhos que rapidamente se transformam em histórias, algumas de enredo bem complexo.
perante determinadas situações eu consigo fazer filmes que vão até ao divórcio, passando pelo casamento e pela fase mais romântica da coisa. imagino diálogos, gestos, presentes, momentos, discussões, locais, conversas, sussurros, abraços, filmes no sofá em dias de chuva, um serão à lareira, lutas, raiva, mãos entrelaçadas, um beijo dado em degraus diferentes, e todo um conjunto de emoções futuras que um determinado acontecimento levou a minha mente a fantasiar. argumento um drama onde travo uma árdua luta contra uma doença rara que, estranhamente, acaba sempre com a minha cabeça rapada, mesmo não se tratando de um cancro. já fui até perita em artes marciais, vejam lá, quando por momentos imaginei que poderia ser atacada na rua. os meus chefes já foram chamados à razão vezes sem conta quando deram a resposta errada a coisas que imaginei ter-lhes dito.
a minha imaginação faz um zoom brutal à minha coragem, à minha força, à minha beleza e ao meu poder de argumentação. e o pior é que não me lembro de uma única vez em que algum dos meus filmes se tenha tornado realidade. not even close!! nem uma única vez!
isto até poderia ser tudo muito bonito, e aproveitado tanto delírio para escrever um livro do tipo "poderia ter sido, mas não foi", "delírios de uma mente perturbada", "tenho problemas e quero partilha-los" ou até mesmo "podia ter bisto, mas numbi...". mas o problema é o seguinte: quando a minha mente me leva para sítios bons, com histórias dignas de romances épicos, toda eu vivo à volta de falsos sonhos, falsas esperanças e expectativas que raramente dependem exclusivamente das minhas acções. e como não me dá muito jeito distribuir guiões e informar os personagens das suas deixas, atitudes e, até mesmo, personalidades, os meus filmes acabam sempre por resultar em grandes fiascos, com finais completamente diferentes dos que eu tinha imaginado. mas pior ainda é eu deixar-me influenciar por situações que nunca aconteceram, por palavras que nunca foram ditas, por gestos nunca praticados, por emoções nunca sentidas, e ao mais pequeno desvio do guião eu ficar genuinamente triste e desiludida, não só comigo, mas com os personagens das minhas histórias.
vivo diariamente iludida e desiludida com fantasias que eu própria crio. espero ter atitudes que sei que não fazem parte de mim e ter reacções dos outros a essas atitudes. fico triste quando as coisas não acontecem como eu as imaginei e depois fico ainda mais triste por ficar triste com coisas irreais.
sei que não sou responsável por escrever o meu próprio destino, mas às vezes os meus argumentos são tão bons que acho que o responsável por essas coisas os podia aproveitar. pronto, é isso...

4 comentários:

Jolie disse...

Parabéns Numbi! pela excelente imaginação, excelente forma de escrever, excelente capacidade de expressão escrita (e verbal provavelmente)
Nota a Português: 20
Não sei se é mérito apenas teu, ou se o deves aos professores que tiveste. Como quer que fosse fica aqui a minha admiração pela "Numbi escritora" porque hoje e cada vez mais ... existe tão pouco quem saiba ler e escrever, mesmo aqueles que possuem um diploma que comprova a formação académica que (não) têm.
Continua! :)

numbi disse...

já ganhei o dia!! :)
muito obrigada, jolie!!
provavelmente os meus professores de português não concordariam contigo, mas eles ainda são do tempo em que eu lia o resumo das obras obrigatórias... :p desconhecem a "era numbi"! ;)

Mar disse...

como eu te percebo...
esse é o grande dilema, diria até mesmo um dos problemas mais complexos de qualquer ser humano...
expectativas. em relação às pessoas, a ti própria, à tua vida, a cada situação.
e mesmo que tomes consciência que criar expectativas não é nada bom, dificilmente não o conseguirás fazer!
mas também são estas expectativas que nos fazem ser e querer sempre mais, e por isso vale a pena estes filmes todos...
vamos sendo equilibradas nestes desequilíbrios ;)

Unknown disse...

Concordo plenamente com a Jolie! Já alguns tempos até, mas não tenho qualificação para dar avaliações... então vou comentando! ;)
Também concordo com a Mar porque também fico desiludido com muita coisa e tento (sublinhe-se o "tento", porque nem sempre [quase nunca] consigo!), em todas as alturas, perceber se o que aconteceu de errado foi minha culpa e o que posso fazer para não voltar a acontecer! Tentativa - Erro! Darwin 101! Heheheh! É a lei da evolução e há quem diga que somos bons nisso! ;)
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