quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

ladrões de corações

desde há muitos anos que tenho visto os meus colegas de escola e alguns amigos, com quem fui perdendo a intimidade, casarem e terem filhos. já foi coisa para me surpreender bastante mas agora, aos 30 aninhos, já encaro a coisa com mais naturalidade. não posso dizer que seja com a maior naturalidade do mundo, mas já percebi que é normal as coisas acontecerem por esta ordem e que 30 anos já é idade suficiente para se ter algum tino e se pensar no futuro. tenho uma amiga que me disse um dia "eu quero ser mãe, não quero ser avó!" e eu confesso que as palavras dela começam a fazer algum sentido nesta minha mente retorcida. 

não vou alargar-me no assunto "casamento" porque isso daria pano para mangas - é coisa para me assustar um bocadinho - tenho um problema com o "para sempre" e também tenho um problema com o "até que a morte nos separe" - a moooooorrrte!! para sempreeee!!! é assustador, eu acho... - é como tomar comprimidos para o resto da vida, e se uma pessoa se esquece de os tomar?? a mooooorrrte!! uuuuuuh!!

hoje quero escrever sobre os meus amigos e sobre os filhos dos meus amigos. os meus grandes amigos v. e r., que serão para sempre aqueles miúdos com quem brincava quando era pequena e a s., minha amiga de longa data que não pára de me surpreender com toda aquela força e vontade de viver. quero escrever sobre a m. e sobre a a., estas pequenas maravilhas que derrubam muros de egoísmo, que amansam e possuem corações atribulados, que iluminam almas e que, apenas com um sorriso, curam todos os males do mundo. estes fenómenos da natureza que roubam todo o protagonismo e assumem o papel principal em histórias de vida que não são as suas.

o v. é o maior, toda a gente sabe disso e ele também não anda aqui para enganar ninguém. quando se nasce o maior não vale a pena ser-se modesto, ele acha isso e eu estou completamente de acordo. ele é grande ao ponto de conduzir à grandeza tudo o que se aproxima dele, sejam coisas, seja gente, ele é o maior, certamente. é o melhor baterista do mundo e, claro está, toca na melhor banda do mundo. (desconfio que alguém anda a falhar na tarefa de descobrir talentos, mas adiante...) o v. era um puto rebelde, com pinta de bad boy, e a s. não resistiu aos olhinhos azuis que brilharam na sua direcção. é que a s. também é muito à frente, sempre foi! lembro-me de ela ouvir guano apes e bush quando o resto do povo andava metido em take that e shania twain. ela é uma verdadeira artista não só no que cria mas na forma como encara a vida. depois de um susto de morte a s. decidiu que tinha mesmo de fazer as coisas de que gostava porque a vida era coisa para ser vivida e não para se ir vivendo. então vou dizer-vos o que a super s. faz actualmente: trabalha por turnos num aeroporto, está a tirar um curso superior na área que a faz feliz - arte, é mãe da m., é companheira do v., é doméstica e ainda consegue desencantar um tempinho para estar com os amigos e para se divertir! incrível, não é? um orgulho!

sobre o r. tenho mesmo que dizer isto "oláaaa?!?!?" que é como quem diz: não há esperança, estamos sozinhos neste mundo, ninguém nos compreende! 
quando éramos adolescentes o r. ofereceu-me uma peça, semelhante à da figura, e guardou para si uma peça igual, ficou combinado que, a partir daquele momento, sempre que passássemos um pelo outro teríamos de mostrar a peça.


durante muito tempo andámos com as peças atrás de nós e mostrávamos a peça um ao outro em todo o lado. quando, não sei bem em que altura nem porquê, deixamos de utilizar as peças começamos a utilizar as nossas próprias mãos para o "cumprimento secreto". era um caso sério de cumplicidade que, no seu auge e sob o risco de excomunhão, era praticado na igreja, durante a celebração da missa.
o r. sentava-se ao meu lado no autocarro e achava um piadão ao meu simples cumprimento "bom dia!". (sou uma miúda engraçada, o que é que eu posso fazer?!?) as pessoas achavam que éramos loucos! íamos a viagem toda a rir! tenho muitas saudades desses tempos, r.!
o r. é um tipo hilariante, super divertido e muito pouco discreto. nada discreto, assim está mais correcto. e quando o r. se ri?? quando o r. se ri não há ninguém na sala que não o oiça a rir e que não saiba que é ele que está a rir-se!! há quem desconfie que um dia ele vai deslocar uma costela com tanta contorção!
nota: o r. não sabe cantar, mas é tãaao fixe vê-lo a tentar!!

mas não vamos falar mais sobre o v., sobre a s. e sobre o r., agora vamos falar das pessoas que lhes roubaram os corações, a m. e a a..

a m. já tem um ano e é uma miúda fantástica! é linda e tem o dom de por toda a gente a rir quando ela, e apenas ela, está a achar piada a alguma coisa. a a. nasceu ontem e, a avaliar pela ascendência, está condenada a ser uma miúda super divertida e com um excelente sentido de humor. é como ter o dedo indicador a apontar um bocadinho ao lado ou ter as sobrancelhas farfalhudas, quando é característica de um dos progenitores a descendência não escapa!

os meus amigos são papás e eu estou muito orgulhosa deles. venham mais, que hão-de vir e eu estarei à espera deles!!

um dia... espero que roubem o meu coração!!

2 comentários:

Aflito disse...

Passa na Amadora que até te roubam mais que o coracao! :|

numbi disse...

vim passar uma temporada a luanda, a amadora é p'ra meninos...