ZECA
quero falar-te e o coração de comovido
perde as palavras que juntara para ti
cantar-te sei, e apenas isso faz sentido
menino d'oiro vem sentar-te aqui
menino d'oiro vem sentar-te aqui
por todo o ano é tempo de cantar janeiras
mulher da erva ainda agora a vi passar
por mar profundo, terra e todas as fronteiras
venham mais cinco mil pra te saudar
venham mais cinco mil pra te saudar
pode o sol morrer de velho,
pode o gelo arder também.
mas a voz que de ti nasce
já não morre com ninguém.
no céu cinzento o astro mudo aonda revela
um bater de asas, o disfarce do seu pé
bebem do sangue, comem tudo, olhai, cautela
o que faz falta, já se sabe o que é
o que faz falta, já se sabe o que é
junta-te a nós ó bairro negro, vem, falua,
p'la noite fora até que se erga o sol do verão
solta as amarras, sopra, ó vento, continua
que este homem não se foi embora, não
que este homem não se foi embora, não
pode o sol morrer de velho,
pode o gelo arder também.
mas a voz que de ti nasce
já não morre com ninguém.
Letra: Hélia Correia
Música: Janita Salomé
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